Queda ocorreu em 9 de agosto de 2024, quando um ATR 72-500 caiu em Vinhedo (SP); aeronave havia saído de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) e não deixou sobreviventes
O acidente da Voepass completa um ano neste sábado (9) e a investigação oficial segue sem conclusão. O relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) não tem previsão de entrega, enquanto a comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha o caso vai votar, na próxima quarta-feira (13), o parecer do relator, deputado Padovani (União-PR).
O acidente da Voepass ocorreu em 9 de agosto de 2024, quando um ATR 72-500 caiu em Vinhedo (SP) e matou 62 pessoas. A aeronave havia saído de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) e não deixou sobreviventes.
‘Se não intencional, uma negligência muito grande’, diz relator da investigação
O relatório de Padovani aponta falhas na conduta dos pilotos e critica a atuação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), considerada “no mínimo hesitante” diante de denúncias contra a companhia. O texto cita o clima adverso, com intensa formação de gelo, como fator determinante para o acidente da Voepass, e afirma que “as gravações da cabine são essenciais para esclarecer o ocorrido”.
Segundo o relator, há indícios de que “os pilotos não seguiram procedimentos recomendados”. Ao longo de quase um ano, a comissão ouviu 28 pessoas, entre representantes da Anac, do Cenipa, da Voepass e especialistas. Padovani disse que surgiram “muitas denúncias de mecânicos, ex-funcionários, pilotos, pessoas que participavam da vida ativa da empresa, dizendo de botões, treinamentos, peças que eram trocadas” e concluiu: “Foi, se não intencional, uma negligência muito grande”.
Anac informou que o avião estava em condições regulares para voar – Foto: Internet/ Reprodução/ NDA Anac informou que o avião estava em condições regulares para voar e que colabora com todas as investigações acerca do acidente da Voepass. “Não é possível afirmar, neste momento, o que causou o acidente aéreo sob pena de disseminar, infundadamente, pânico e desinformação”, declarou a agência.
Acrescentou ainda que, no caso do acidente da Voepass, “todos os procedimentos e prazos foram executados conforme as leis brasileiras e os normativos da aviação civil vigentes no país”.
Em nota, a Voepass afirmou que “o dia 9 de agosto de 2024 foi o mais difícil de sua história” e que, nas primeiras horas após a tragédia, formou “um comitê de gestão de crise e mobilizou psicólogos, equipes de atendimento humanizado, autoridades públicas, seguradoras, além de suporte funerário e logístico para atender as famílias das vítimas”.
A empresa disse confiar no trabalho do Cenipa e lembrou que o relatório preliminar indicou que a aeronave possuía Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade válido e todos os sistemas funcionavam normalmente.
A companhia está impedida de voar desde 2024 por determinação da Anac, após a agência encontrar trincas e danos estruturais em aeronaves. Em abril deste ano, ingressou com pedido de recuperação judicial.
Relembre o acidente da Voepass
O acidente da Voepass aconteceu em 9 de agosto de 2024, quando o ATR 72-500 que fazia o voo 2283 decolou de Cascavel (PR) às 11h58 com destino a Guarulhos (SP) e caiu em Vinhedo, no interior paulista, às 13h22. A bordo estavam 58 passageiros e quatro tripulantes. Não houve sobreviventes.
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Liz Ibba dos Santos, de 3 anos, morreu com o pai em acidente na sexta-feira (9), no interior de São Paulo – Acervo Pessoal/Reprodução/ND -
Piloto Danilo Romano foi uma das 62 vítimas do acidente na última sexta-feira (9) – Instagram @thalitavmachado/Reprodução/ND -
Danilo estava há um ano e dez meses na empresa VOEPASS – Reprodução/ND -
Rafael dos Santos e a filha, Liz, tinham como destino Florianópolis, onde passariam juntos o dia dos pais – Foto: Redes Sociais/ Reprodução/ ND – Redes Sociais/ Reprodução/ ND -
Silvia Cristina Osaki era uma das ocupantes do avião que caiu na região de Vinhedo – Arquivo Pessoal/Divulgação/ND -
Co-piloto relatou “bastante gelo” na aeronave, diz Cenipa – Reprodução/Cenipa/ND -
O engenheiro Paulo Henrique Silva Alves, de 39 anos, estava a bordo do avião que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo – Redes Sociais/ Reprodução/ ND -
Constantino é confirmado como uma das vítimas em queda de avião – Reprodução/ND
De acordo com o relatório preliminar do Cenipa, divulgado em setembro de 2024, não ocorreu comunicação de emergência antes da queda. Poucos minutos antes do impacto, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva relatou intensa formação de gelo. Dados meteorológicos mostraram elevada umidade e temperatura do ar abaixo de 0°C, condições favoráveis à formação severa de gelo — situação que se estendia do centro-norte do Paraná até São Paulo.
Acidente da Voepass ocorreu em 9 de agosto de 2024 – Foto: FAB/ DivulgaçãoSegundo o tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador do Cenipa, “as informações meteorológicas estavam disponíveis antes do horário da decolagem; os pilotos possuíam mais de 5.000 horas totais de voo e estavam com todas as licenças e certificações válidas”. Ele ressaltou que a aeronave, fabricada em 2010, estava certificada para voar em condição de gelo e que os pilotos tinham treinamento específico para esse tipo de operação.
Fonte ==> NDMais
