Sob pressão política e com aliados marcados, estiveram Lula e Bolsonaro em crise nos últimos dias
Nos últimos dez dias, os dois principais líderes políticos do país atravessaram um período turbulento, marcado por desgastes, pressões e reveses que tornaram Lula e Bolsonaro em crise. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu impactos econômicos e viu aliados enfrentarem sanções. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) amargou prisão domiciliar e novas acusações, que aumentaram seu isolamento político.
O início da tempestade
O primeiro revés para Lula veio do exterior. A Casa Branca anunciou um tarifaço sobre produtos brasileiros, medida que ameaça diretamente o agronegócio, a indústria e amplia tensões comerciais. A notícia pegou o Planalto em um momento de fragilidade, já que a equipe econômica ainda tenta conter críticas internas ao aumento do IOF — pauta que chegou a ser discutida no STF.
Enquanto isso, Bolsonaro lidava com um cerco cada vez mais apertado. A Justiça manteve a prisão domiciliar do ex-presidente, restringindo seus deslocamentos e dificultando encontros políticos estratégicos. O quadro jurídico já era delicado, mas os desdobramentos dessa semana ampliaram o desgaste.
Lula e Bolsonaro em crise: apesar de apoio em carta de Trump, Bolsonaro segue sob a mira de medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes – Foto: Alan Santos/PR/NDO cerco jurídico
Para Lula, a tensão aumentou quando um aliado sofreu duras sanções no STF, em um julgamento que dividiu a Corte. A situação evidenciou a dependência política do governo em decisões judiciais e deixou claro que nem sempre o Planalto consegue manter unidade entre os ministros.
No caso de Bolsonaro, o avanço das investigações sobre o 8 de janeiro e suposta tentativa de golpe elevou o tom da crise. Novas oitivas e apreensões deram força ao inquérito e ampliaram o risco de novas medidas restritivas. Aliados próximos passaram a temer que o cerco judicial resulte em condenações definitivas.
Lula e Bolsonaro em crise: prisão domiciliar de Bolsonaro foi novo episódio para isolar ex-presidente – Foto: Ton Molina/STF/NDLula e Bolsonaro em crise: pressão política e econômica
No Palácio do Planalto, a equipe de Lula corre contra o tempo para reagir ao tarifaço imposto por Washington. O principal articulador é o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), que se reúne diariamente com setores produtivos, mas não conseguiu tranquilizar os empresários brasileiros. Na próxima quarta-feira (13), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), terá reunião virtual com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent.
Lula e Bolsonaro em crise: em anúncio do tarifaço, Donald Trump citou perseguição judicial a Jair Bolsonaro- Foto: The White House/NDNeste sábado (9), o presidente Lula telefonou para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para conversar sobre o conflito com a Ucrânia. As relações comerciais entre Brasil e Rússia estão sob a observação de parlamentares e do presidente dos Estados Unidos, que cogitam novas sanções a quem importar produtos dos EUA. O Brasil é dependente do fertilizante produzido na Rússia, além de comprar petróleo do país.
O temor é de que a medida afaste parceiros comerciais e prejudique setores estratégicos, como o agronegócio. Ao mesmo tempo, a gestão enfrenta pressão para explicar o aumento do IOF, imposto visto por setores empresariais como um freio à economia.
Bolsonaro, por sua vez, enfrenta dificuldades para manter coesa sua base política. Sem a possibilidade de aparições públicas estratégicas, o ex-presidente vê a oposição na Câmara sofrer pressão pela suspensão de mandatos, após impedir o funcionamento do Plenário da Casa.
Lula e Bolsonaro em crise: na quarta-feira (6), parlamentares que pediam anistia desocuparam Plenário e podem ser alvos de pedidos de afastamento – Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadoSaldo amargo
Após mais de uma semana, Lula ainda não conseguiu apresentar respostas concretas que aliviem o impacto do tarifaço e preserve a imagem de sua gestão no campo econômico. Na quinta-feira (7), governadores de nove estados criticaram a ausência de medidas para mitigar os efeitos do tarifaço. Além disso, os governadores aliados de Bolsonaro voltaram a pressionar o Congresso Nacional pela aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Lula e Bolsonaro em crise: ocupação do Plenário da Câmara foi criticada por setores da política, mas teve respaldo de parte da população – Foto: Luiz Carlos Rodrigues/ND MaisA crise no STF, por sua vez, mostrou que nem sempre o alinhamento político garante resultados. Neste caso, inclusive, o embate entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ministro Alexandre de Moraes pode ter contribuído para a dificuldade nas negociações.
Bolsonaro continua em prisão domiciliar, com horizonte político limitado e risco crescente de novas ações judiciais. A cada dia que passa, o espaço para articulação se estreita, comprometendo planos eleitorais e alianças de médio prazo.
Lula e Bolsonaro em crise: Jair Bolsonaro segue em prisão domiciliar e visitas precisam ser aprovadas pelo STF – Foto: Reprodução/ND
Fonte ==> NDMais
