Até o início do ano, governos federal e paulista mantinham cordialidade e trocas de afagos em eventos conjuntos
Na manhã desta segunda-feira (11), o Congresso Brasileiro do Agronegócio deve reunir o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, pela primeira vez desde o tarifaço de Trump. O possível encontro será o primeiro após um distanciamento entre os dois entes da federação.
Até o início deste ano, governos federal e paulista realizavam eventos conjuntos em clima de cordialidade, como o lançamento do edital do túnel Santos-Guarujá, em fevereiro. Isso não mais ocorreu. Nas últimas idas e Lula (PT) e Alckmin para São Paulo, Tarcísio cumpriu agendas em outros municípios. Os dois lados também subiram o tom das críticas.
Por isso há expectativa de como será o encontro de Alckmin e Tarcísio no Congresso Brasileiro do Agronegócio. Ainda mais em um evento de um setor afetado diretamente pelo tarifaço. Itens importantes de exportação do Brasil aos Estados Unidos, como café e carne bovina, ficaram de fora da lista de quase 700 exceções.

Apesar do distanciamento entre Alckmin e Tarcísio, que será posto à prova no Congresso Brasileiro do Agronegócio, os dois evitam críticas diretas. A troca de críticas é entre o governador e Lula, para muitos, um possível ensaio para as Eleições de 2026.
Tarcísio de Freitas é apontado como possível substituto de Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Infraestrutura, no pleito, já que o ex-presidente está inelegível e pode ser preso após julgamento por golpe de estado.
Alckmin, por outro lado, é citado como uma possibilidade para disputar o governo do estado, ainda que não haja interesse dele ou do PSB em deixar a condição de vice-presidente.
Alckmin e Tarcísio no Congresso Brasileiro do Agronegócio
O vice-presidente do Brasil e o governador de São Paulo são aguardados pela organização do Congresso Brasileiro do Agronegócio para formarem a mesa de autoridades da cerimônia de abertura.
Eles estarão acompanhados do presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, e do CEO da B3, a bolsa de valores brasileira, Gilson Finkelsztain, organizadores do evento.
Também participarão do Congresso Brasileiro do Agronegócio nomes importantes do agro, como Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, e Antonio Mello Alvarenga Neto, presidente da SNA (Sociedade Nacional da Agricultura). Da política, são esperados o presidenciável e governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) e o presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Jorge Viana.
Escalada entre Lula e Tarcísio
Até chegarem ao Congresso Brasileiro do Agronegócio, Tarcísio e Alckmin viveram dois momentos bem diferentes. O primeiro, do início do mandato a maio deste ano, quando participaram de eventos conjuntos e trocaram elogios.
No encontro de Lula com governadores, no dia seguinte ao 8 de janeiro, Tarcísio fez referências a Alckmin, “com quem tenho que aprender sobre São Paulo”, segundo relato do UOL. Foram alguns eventos até o de Santos, em fevereiro.
Já em maio deste ano, Lula e Alckmin cumpriram agenda em São Paulo. Tarcísio marcou agenda no interior do estado e enviou o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, para representá-lo. Isso evitou que os dois se encontrassem, como deve ocorrer no Congresso Brasileiro do Agronegócio.
O clima entre os dois entes federados ficou tenso a partir da tentativa de desocupação da Favela do Moinho, em maio, em São Paulo. O governo do estado foi acusado uso de violência policial. Porém, as duas partes chegaram a um acordo.

No mês seguinte, Lula foi até a Favela, sem Tarcísio, para dar detalhes do acordo e criticou a ação paulista. “O governo do estado quer fazer um parque aqui. Pode até ser bonito, mas um parque não pode ser feito às custas do sofrimento humano”, declarou o presidente.
Dias depois, em manifestação pró-Bolsonaro na Avenida Paulista, Tarcísio afirmou em seu discurso que o “Brasil não aguenta mais o PT”, “não aguenta mais a corrupção, o Brasil não aguenta mais o governo gastador, o juro alto”.
A crise do tarifaço de Donald Trump encerrou de vez a cordialidade entre as duas partes. Em entrevista à Record, Lula falou que não adiantava Tarcísio esconder o “bonézinho de Trump”, em referência a publicação feita pelo governador de São Paulo com o boné da campanha do Republicano, comemorando sua posse.

A primeira manifestação de Tarcísio após o tarifaço, foi chamar o governo Lula de “incompetente”. Na sexta-feira (8), três dias antes do Congresso Brasileiro do Agronegócio, o governador voltou a criticar o governo após reunião, em Brasília, com governadores de direita.
“Acho que todo setor produtivo está inquieto e precisa ver essas medidas sendo divulgadas. Já era para ter saído, a tarifa já está em execução e a gente ainda não tem clareza das medidas que serão tomadas”, declarou Tarcísio de Freitas.
No âmbito federal, é Geraldo Alckmin quem está liderando as tratativas com os Estados Unidos sobre o tarifaço. E é o vice-presidente quem estará na mesma mesa do governador no Congresso Brasileiro do Agronegócio, nesta segunda-feira (11).
Fonte ==> NDMais