Morre aos 91 anos Giorgio Armani, o “rei” da moda italiana

Morre aos 91 anos Giorgio Armani, o "rei" da moda italiana

Giorgio Armani, estilista e figura incontestável do mundo da moda, conhecido como o “rei” da moda italiana, morreu nesta quinta-feira (3) aos 91 anos em Milão, onde estava acompanhado de sua família e de Leo Dell’Orco, seu companheiro nos últimos 20 anos, segundo informou seu grupo empresarial.

“Com infinito pesar, o grupo Armani anuncia o falecimento de seu criador, fundador e motor incansável: Giorgio Armani. O senhor Armani, como sempre foi chamado com respeito e admiração por seus funcionários e colaboradores, faleceu tranquilamente, rodeado por seus entes queridos”, anunciou a empresa de moda.

Incansável, ele trabalhou até seus últimos dias, dedicando-se à empresa, às coleções e aos diversos e sempre novos projetos em andamento e em desenvolvimento”, acrescentou o comunicado do grupo.

Há algumas semanas, pouco antes de completar 91 anos, uma infecção pulmonar obrigou Armani a ser hospitalizado e a se recuperar em sua casa na Via Borgonuovo, em Milão, o que o fez perder o desfile masculino de alta costura em junho, algo muito raro para esse trabalhador incansável que nunca abandonou os ateliês.

Armani foi uma lenda absoluta da moda, um ícone universal do estilo contemporâneo, que colocou a mulher e sua liberdade no centro de seu trabalho, com um estilo sempre caracterizado por uma elegância atemporal.

Segundo a família, o velório acontecerá de sábado, dia 6, até domingo, dia 7, no Armani Teatro de Milão. Um funeral privado será realizado, conforme ele deixou estabelecido como última vontade.

Em julho, a marca completou meio século de existência e se coroou como uma das poucas e bem-sucedidas empresas da moda que soube manter o equilíbrio entre a visão criativa e a liderança empresarial, ao passo que a maioria das casas históricas foram absorvidas por grandes conglomerados internacionais.

No entanto, Armani lutou para permanecer fiel a si mesmo e à filosofia com a qual começou em seu ateliê em Milão em 1975, ao lado de seu sócio Sergio Galeotti, falecido há quatro décadas.

A elegância e educação de Armani não o impediam de ser direto, como em 2020, quando criticou os estilistas que, ao obrigar as mulheres a se vestirem de acordo com as tendências sem considerar o que lhes convém, “violam” suas clientes.

Império Armani, de moda a hotéis, passará para fundação do estilista

O império de Armani, que inclui de marcas de moda a hotéis e restaurantes, com receita anual de 2,3 bilhões de euros, passará agora para o controle de sua fundação, com alguns detalhes na divisão de ações.

Em outubro de 2023, o jornal Corriere della Sera publicou os estatutos da futura Fundação Giorgio Armani, aprovados em uma assembleia extraordinária em 2016, mas sem detalhar a divisão dos diferentes tipos de ações, algo que, segundo o jornal, seria especificado em testamento.

O jornal La Repubblica informou que os herdeiros já fazem parte do conselho de administração da fundação, que será dirigida por Pantaleo Dell’Orco, braço direito e companheiro de vida do estilista, o sobrinho Luca Camerana, e o diretor executivo da Rothschild Itália, Irving Bellotti.

A fundação gerenciará uma marca global com 8.700 funcionários, 650 lojas, além de hotéis, restaurantes e clubes, incluindo o histórico Capannina, um dos estabelecimentos de praia mais famosos da Itália, na cidade de Forte dei Marmi, na Toscana, adquirido em agosto.

O Cappanina foi o último presente que Armani quis dar aos colaboradores e a Dell’Orco, seu companheiro nos últimos 20 anos, e a quem conheceu naquele famoso local.

A empresa fechou 2024 com receita de 2,3 bilhões de euros e nunca parou de investir: 332 milhões de euros no último ano, o dobro dos 168,5 milhões de euros de 2023.

No entanto, Armani sempre foi um empresário prudente, avesso ao endividamento, e deixa uma empresa saneada para a fundação. No final de 2024, a marca contava com pouco menos de 600 milhões de euros em liquidez para impulsionar o crescimento futuro.

“Também se estipula que a fundação não distribuirá lucros, ativos ou excedentes operacionais, transações que são expressamente proibidas, mesmo que indiretamente: qualquer lucro ou excedente será destinado a atividades institucionais”, explicou La Repubblica.

Analistas estimam que a empresa pode ter um valor atual entre 6 bilhões e 7 bilhões de euros. A avaliação considera não apenas a receita e a rentabilidade, mas também o prestígio da marca e seu portfólio imobiliário: prédios no distrito da moda de Milão, localizações famosas em Nova York, Paris, Londres e Hong Kong, butiques, hotéis, restaurantes e espaços multifuncionais.

Armani manteve-se como único proprietário da holding até o fim, sem vender ações a fundos ou grupos externos, nem em troca de liquidez nem de visibilidade.

No final dos anos 60, ele conheceu Sergio Galeotti, que se tornou seu sócio na vida e no trabalho. Foi Galeotti quem o convenceu a criar a própria empresa e trabalhar como consultor para marcas de moda, para depois abrir o próprio estúdio em Milão em 1973.

Em 1975, Armani e Galeotti fundaram juntos a Giorgio Armani Spa e, naquele ano, foi apresentada a primeira coleção masculina, para a primavera/verão de 1976, que imediatamente atraiu a atenção dos especialistas da indústria.

Com o tempo, a marca expandiu seu universo para incluir outros setores que se tornaram parte integral de sua identidade: Armani Casa, Armani Beauty, Armani Ristorante e Armani Hotels.

São setores diferentes, mas unidos por uma direção estilística coerente, baseada no rigor formal, na elegância minimalista e na qualidade discreta.



Fonte ==> Gazeta do Povo e Notícias ao Minuto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *