Com fundações profundas e estrutura pré-montada, a obra conecta zonas estratégicas de Joinville e promete aliviar o trânsito sentido zona sul
Entre estruturas que pesam toneladas e fundações que ultrapassam os 30 metros de profundidade, toma forma a Ponte Joinville, a maior obra de engenharia já realizada na cidade. Com previsão de entrega para janeiro de 2027, o projeto deve transformar a mobilidade urbana, conectando a zona sul ao centro.
A obra impressiona pela complexidade técnica e pelo cuidado ambiental. Sob a condução do engenheiro Paulo Mendes, fica evidente que a ponte é uma construção diferente de tudo o que o joinvilense já viu. O projeto representa um desafio de precisão, logística e preocupação ambiental.
Tecnologia sobre o mangue
Um dos grandes destaques do projeto da Ponte Joinville é a escolha por utilizar o sistema Cantitravel, uma estrutura metálica móvel que permite a construção da ponte sem a necessidade de aterros ou desmatamento do manguezal. Isso significa que, em vez de devastar a vegetação local, a ponte “flutua” sobre as copas das árvores até que os pilares sejam finalizados.

“Poderíamos ter feito de outra forma, criando aterros, mas optamos por preservar o mangue. É uma obra mais cara e demorada, mas ambientalmente correta”, explica Paulo Mendes.
A estrutura provisória funciona como um apoio logístico que transporta os materiais até os pontos de fundação, reduzindo o impacto ambiental ao mínimo possível.
Ponte Joinville é a maior obra da cidade
A ponte será composta por duas estruturas paralelas. Cada uma terá duas faixas de rolamento em sentidos contrários. As estruturas têm distância de 45 centímetros entre si. No total, para a sustentação serão mais de 170 vigas de concreto, com tamanhos que variam entre 33 e 45 metros e pesos que podem ultrapassar 100 toneladas.
O processo de construção das vigas é feito fora do canteiro, nos bairros Comasa e Adhemar Garcia, e o transporte até o local de instalação exige logística especial, normalmente à noite, com veículos específicos e rotas planejadas.
- Equipamentos de alta tecnologia, respeito ao meio ambiente e engenharia de precisão – Divulgação/Yasmin Rech/ND
- Ponte Joinville terá mais de 170 vigas de concreto – Divulgação/Yasmin Rech/ND
A fundação também é um capítulo à parte. São utilizadas camisas metálicas com até 1,20 metro de diâmetro, cravadas a profundidades superiores a 30 metros, passando por solo e rocha. Dentro dessas camisas, é inserido concreto, que dará suporte à superestrutura da ponte.
Obstáculos subterrâneos
Segundo o engenheiro, a etapa mais desafiadora da obra é justamente a fundação. Apesar das sondagens prévias, o subsolo pode esconder surpresas. “Já tivemos pontos onde esperávamos encontrar uma rocha sólida e, na hora da escavação, encontramos fragmentos soltos que não oferecem suporte. Isso obriga a recalcular e aprofundar as estacas”, relata.

Construção com engenharia de precisão
Em um dos trechos centrais da ponte, a obra adota o sistema de balanço sucessivo, uma técnica em que os módulos de concreto (chamados de duelas) são construídos de forma simétrica e simultânea a partir de pilares centrais, como uma balança. Esses segmentos se encontram no meio da travessia e formam a superestrutura da Ponte Joinville, que depois recebe lajes e pavimento.
- Obra vai conectar a zona sul ao restante da cidade – Divulgação/Yasmin Rech/ND
- Obra está prevista para ser concluída em janeiro de 2027 – Divulgação/Yasmin Rech/ND
Impacto no trânsito
Quando pronta, a Ponte Joinville deve mudar significativamente o fluxo de veículos da cidade. A estrutura será uma nova opção de ligação entre a zona sul e o restante da cidade, aliviando a carga sobre a Ponte dos Trabalhadores. Estima-se que cerca de 46% do tráfego atual da ponte existente será absorvido pela nova estrutura.
E não será a única novidade. A construção da Ponte Anêmonas, que funcionará como binário com a Joinville, completará a transformação na mobilidade da região. “A zona Sul vai ter duas opções, ou vem pela Anêmonas ou pela Joinville. Vai dividir o fluxo e melhorar muito o trânsito”, afirma Mendes.
Obra está prevista para ser concluída em janeiro de 2027 – Vídeo: Divulgação/Yasmin Rech/ND
Futuro à vista
Com quase metade da fundação já concluída e módulos estruturais em plena fase de concretagem, a Ponte Joinville avança em ritmo constante. O engenheiro Paulo Mendes acompanha tudo de perto, atento aos detalhes técnicos e ao impacto positivo que essa megaestrutura trará para a cidade.
- Estrutura será formada por duas pistas paralelas – Divulgação/Yasmin Rech/ND
- Transporte das vigas é feito à noite, com logística especial – Divulgação/Yasmin Rech/ND
“A gente não está acostumado com uma obra desse porte em Joinville. É uma ponte que marca época. E a cidade vai sentir essa diferença por décadas”, resume.
- Ponte Joinville chega a 30% das obras – Divulgação/Prefeitura de Joinville/ND
- Ponte Joinville chega a 30% das obras – Divulgação/Prefeitura de Joinville/ND
- Ponte Joinville chega a 30% das obras – Divulgação/Prefeitura de Joinville/ND
- Ponte Joinville chega a 30% das obras – Divulgação/Prefeitura de Joinville/ND
- A construção é dividida em dois polos: um em cada margem do rio. O objetivo é otimizar o tempo e evitar interferências entre as etapas. – Divulgação/Flávio Armanini/NDTV
Fonte ==> NDMais