Mesmo sem base científica para o mito popular, a má fama de agosto resiste no Brasil, muito por influência de Portugal, onde a ideia do “mês do desgosto” começou
Conhecido popularmente como o “mês do desgosto”, agosto carrega uma fama negativa no imaginário coletivo dos brasileiros. São diverso s fatores que contribuem com a fama do mês mais odiado do ano, como associação com tragédias históricas, superstições populares e fatores climáticos.
Por que agosto é considerado o mês do desgosto?
1. Fatos históricos
No Brasil, agosto está associado a episódios marcantes da história política nacional:
- O suicídio do então presidente Getúlio Vargas ocorreu em 24 de agosto de 1954;
- Em 1961, Jânio Quadros renunciou à presidência também em agosto, provocando uma crise institucional que resultaria no golpe militar de 1964;
- Já em 1976, o ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu em um acidente de carro, mais uma vez no oitavo mês do ano.
No cenário internacional, agosto também ficou marcado por eventos trágicos.

Em 1945, os bombardeios atômicos sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, aconteceram nesse mês, provocando a morte de centenas de milhares de pessoas e encerrando a Segunda Guerra Mundial de forma devastadora.
2. Superstições e o “mês do cachorro louco”
Agosto também é associado a riscos relacionados à raiva canina. Popularmente conhecido como o “mês do cachorro louco”, o período coincide com o cio de muitas fêmeas, o que aumenta a agitação dos cães e, teoricamente, o risco de brigas e transmissão do vírus da raiva.
Segundo William Schoenau, professor de Bem-Estar Animal da Universidade Federal de Santa Maria, as condições climáticas de agosto favorecem o início do ciclo reprodutivo das cadelas.

Isso explicaria o aumento da agressividade entre machos que disputam a atenção das fêmeas. No entanto, ele ressalta que não há dados científicos que comprovem um aumento nos casos de raiva em agosto.
3. Mês “infinito”
A percepção de que agosto “nunca termina” também contribui para sua má fama.
Com 31 dias corridos e nenhum feriado nacional, o mês costuma ser considerado mais longo e cansativo, especialmente após o fim das férias escolares de julho, quando a rotina volta ao normal.
Nas redes sociais, memes sobre a “eternidade” do agosto sem feriados se repetem ano após ano, reforçando a ideia de que o mês se arrasta.
4. Origem portuguesa do “mês do desgosto”
O título de “mês do desgosto” também tem raízes culturais. A superstição de que agosto seria um mês azarado para casamentos vem de Portugal.
No século XVI, durante as Grandes Navegações, era comum que as caravelas partissem em agosto. Por conta disso, cerimônias eram evitadas, já que muitos noivos partiam sem previsão de retorno.

Já os casais que se uniam antes do noivo partir não tinham lua de mel, nem a certeza de que o matrimônio não seria interrompido por naufrágios e acidentes na viagem.
Essa tradição atravessou o Atlântico e influenciou gerações no Brasil. No entanto, os dados mais recentes mostram que esse costume vem perdendo força.
Os dados mais atualizados sobre casamentos no Brasil, divulgados pelo IBGE neste ano, mostram que foram registrados 208.245 cerimônias em agosto de 2023, número superior ao observado em meses como fevereiro, setembro, outubro, novembro e dezembro.
O que a Bíblia diz sobre o mês de agosto?
A Bíblia não diz nada sobre agosto ser considerado o mês do desgosto. Até porque o sistema de meses e anos utilizado na época era diferente do calendário gregoriano, usado pelos brasileiros.
Além disso, no catolicismo, agosto é um período em que se celebra vários santos, como Santo Afonso Maria de Ligório, Santa Clara, Santo Agostinho e Nossa Senhora Desatadora de Nós.
Por isso, é considerado um mês de sorte para os cristãos, não de azar.
Fonte ==> NDMais